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Toda rua tem seu curso Tem seu leito de água clara Por onde passa a memória Lembrando histórias de um tempo Que não acaba
De uma rua, de uma rua Eu lembro agora Que o tempo, ninguém mais Ninguém mais canta Muito embora de cirandas (Oi, de cirandas) E de meninos correndo Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam Como o rio Parnaíba Rio manso Passava no fim da rua E molhava seus lajedos Onde a noite refletia O brilho manso O tempo claro da lua
Ê, São João, ê, Pacatuba Ê, rua do Barrocão Ê, Parnaíba passando Separando a minha rua Das outras, do Maranhão
De longe pensando nela Meu coração de menino Bate forte como um sino Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo Ê, gente que mal nasceu Das Dores, que morreu cedo Luzia, que se perdeu Macapreto, Zé Velhinho Esse menino crescido Que tem o peito ferido Anda vivo, não morreu
Ê, Pacatuba Meu tempo de brincar já foi-se embora Ê, Parnaíba Passando pela rua até agora Agora por aqui estou com vontade E eu volto pra matar esta saudade