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Marés muito altas, lucros omissos Um fio, um talho na mão Poemas, derrotas, margens de risco Um rio afogado em seu vão
Eu googleísmo, ateu, hinduísmo Persona, sou quem eu quiser No meu, seu abismo, cinismo Eu mando meu tchau, meu adeus, meu até Qual é? Qual é? Qual é? Qual é?
E roda sua vida, seu papel Mais sabe de si ser seu próprio vilão No giro contrário do seu carrossel Um vinil de pós-rock alemão
Olhando o mundo lá fora Vai perceber que nunca soube quem é Dentro do corpo em que mora No morro da Penha ou no museu Dorsay Qual é? Qual é? Qual é? Qual é?
A origem do mundo ou a parada gay O seu pranto, seu líquido sal Um filme da fatalidade da vez Ou a banalidade do mal
Amores no shuffle Ou no banco de sampler Não vão batucar na colher Alô criatura do seu próprio buffer Não sabe o que é samba no pé Qual é? Qual é? Qual é? Qual é?
Atrasado o Brasil faz sua fama Só o preconceito esse nunca atrasou Vestindo um Dolce & Gabbana Um político vota contra o nosso amor
Aí já é tarde e sem lei Rodou de pai pra filho, o mesmo que é Ensinou a chacina não gay Babaquice passou de mané pra mané Qual é? Qual é? Qual é? Qual é?
Zerar seus traumas e enganos É dor que dói anos e não se desfaz Pedaços de vida, lembranças A gente não escolhe o que a memória traz
E desce a enxurrada da história Manadas de putas, um cyber café Em Andaluzia meu guia Cuidado que o touro é quem grita olé Já é! Já é! Já é! Já é!
Corre mundo, ferro e fogo Nas frestas do séculos enxergo através Das dores que doem de novo E lá vem Lacan nos olhar de viés
Na Lapa yo soy marco zero De samba a bolero eu dou meu rolé Desejos com data marcada Essa gata ainda vai me beijar se eu quiser Já é! Já é! Já é! Já é!
Um filho, ato falho, uma trilha Um atalho, embrião sem coração, sem rim Na esfera de eu ser quem eu era Não espera do mundo um futuro sem mim
Protege seus santos na bolsa No metrô São João, Sebastião, San Mareais Na cruz um traveco, outra boca I don't know Maria Wi-fi São José Já é! Já é! Já é! Já é!
Sou Carmem, sou bereguendéns Sou eu, meus seguidores, vã conexão E ninguém pergunta ninguém Já disse mil vezes que sim, só que não
Sou eu meu clã, meu divã Sou homem, sou meu mito, sou minha mulher E se não gostar que se mande Eu repito Porque eu sou quem bem eu quiser Já é! Já é! Já é! Já é!